quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A NUDEZ AO LONGO DA HISTÓRIA

Adão e Eva, Gossaert – Séc: XVI

Por: Lí Francys

A nudez sempre atraiu e causou controvérsias ao longo da historia. No livro de Genesis, Adão e Eva divagavam nus pelo Jardim do Éden, onde após comerem o “fruto proibido” foram castigados por Deus que abriu os seus olhos, quando finalmente perceberam que estavam nus, se cobriram com folhas de figueira para esconder suas “vergonhas”.

A nudez sempre esteve presente desde a Antiguidade, e foi no período paleolítico onde surgiram as primeiras Vênus feitas de argila. O nu nesta época era associado com a fertilidade, castidade, virilidade e despudor.

Na Grécia antiga a nudez era aceita de maneira a ser contemplada. Os soldados espartanos combatiam nus e o mesmo acontecia com os atletas nos primeiros jogos olímpicos. O corpo masculino nu era símbolo de masculinidade, potência, força e virilidade.


David, Michelangelo - 1504

Com o poder nas mãos da Igreja Católica, na Idade Media os corpos nus e as reações provocadas por ele, foram consideradas manifestações demoníacas. A fogueira da Inquisição ardia para quem se atrevesse a sair desses padrões moralistas impostos pelo Cristianismo.

A chegada do Renascimento, com o antropocentrismo, onde o homem foi considerado o centro do universo, já não havia mais fogueira para impedir ou castigar a quem ousasse manifestar suas artes por meio da nudez.


“David” que é uma das principais obras renascentistas do artista Michelangelo é um bom exemplo. A famosa escultura de mármore que mede 5,17 metros, datada de 1504, retrata o herói bíblico totalmente nu. Outra importante obra desta época é “Nascimento de Vênus” quadro do pintor Sandro Botticelli, datado de 1483, onde revela a deusa Vênus emergindo nua sob as águas.

"Nascimento de Vênus", Sandro Botticelli - 1483

Na Idade Contemporânea e atual, a nudez é representada nas mais variadas formas de arte. No século XIX, com a criação da fotografia tal como conhecemos hoje, a nudez foi exaltada por lentes do mundo todo.

A literatura sempre foi uma porta para a imaginação, e os autores destas obras sempre descreveram com detalhes as delicadezas dos corpos despidos, transportando o leitor para dentro de seus contos repletos de pele.

No século passado foram criadas revistas que expunham corpos nus em poses sensuais fazendo a alegria dos admiradores e desagradando aos conservadores de plantão.

A revista “Playboy” que é direcionada ao público masculino foi, e continua sendo uma das mais vendidas e famosas do gênero. Sua primeira edição em 1953 teve a atriz Marilyn Monroe na capa.

Por falar em Marilyn Monroe, o cinema é outra arte onde a nudez sempre esteve presente, o nível de aceitação varia de acordo com a sociedade. Nos EUA a violência é mais aceita na mídia do que a nudez.

Os naturistas cujo, os princípios éticos e comportamentais visam um modo de vida baseado na volta á natureza como a melhor maneira de viver, defendem a vida ao ar livre e a pratica do nudismo.

Como podemos observar ao longo do tempo, a nudez sempre esteve e sempre estará presente no cotidiano humano, e pode ser utilizada das mais variadas formas imagináveis. Muitas vezes o intuito é de protesto, e outras vezes para tortura e castigo, no caso dos campos de concentração nazista onde os (as) prisioneiros (as) eram obrigados (as) a trabalhar nus (as) para ficarem expostos (as) as dores do frio europeu e a humilhação.

Independente de tudo que passou ao longo da história, a nudez continuará a ser motivo de vergonha para os conservadores e contemplada por seus admiradores.